sábado, 13 de agosto de 2011

Transgressão


Tem dias que a gente acorda com uma incrível vontade de transgredir. Sei lá, talvez a palavra que defina esse sentimento que insiste em corroer minha carne interior, não seja exatamente essa. Afinal, hoje em dia, além de um programa imbecil, o que é transgredir?
Inda agora, passou um moleque do meu lado enrolando um. Basta um clique e você pode ver e fazer o que sequer imaginou, na vida real ou virtual. Lei seca? O bar tá cheio de cretinos enchendo a cara. Saindo daqui, vão dirigir seus carrões, extensão do próprio pau. Tem cretinas por toda a parte também. Seus corpos, carne fresca ou nem tanto assim, expostas como num açougue. Leva o filé mignon aquele que tem mais para dar.
Violar o corpo e a vida de outrem? Pode ser! Somente se isso é feito por puro prazer e maldade. Mas sei lá, a gente nunca sabe do que o outro precisa e se começa e entrar nas individualidades e particularidades, encontra explicação até para o menininho que arranca a cabeça do passarinho depois de alimentá-lo.
Eu devia parar com isso e trabalhar um pouco mais. Voltar pra terapia também. Dar uma volta na Paulista. Encher a cara. Coçar a barriga da Ana. Mas eu quero transgredir. Nesse instante, transgressão é não fazer o que eu deveria estar fazendo.
Transgressão perde o sentido quando você aproxima o olhar. A vida de uma prostituta parece muita mais transgressora que a de uma freira. Mas só a freira sabe o fardo de ter que parecer certinha e não ser!
Podia acender um cigarro, mas parei de fumar. Não parecia mais transgressão.
Não quero mais pensar em transgressão. Quero entender por que penso em transgredir. Quero entender muitas outras coisas também. Mas tudo tem a sua hora, por que você tem que estar preparado para entender. Chega por hoje. Vou encontrar minha transgressão e não será sentada aqui, revisitando uma história sem pé nem cabeça.